terça-feira, 29 de junho de 2010

As relações virtuais e os jovens

Já se imaginou como um guerreiro, cavaleiro, arqueiro, ou feiticeiro? Realizar feitos nunca imaginados, possuir força descomunal, ou domínio de certos materiais mágicos que combinados resultariam em poderes além da imaginação? Para quem gosta de histórias fantásticas, fábulas e aventuras com um toque de magia, os MMORPGs possibilitam a concretização de feitos que antes somente viviam no mundo de nossa imaginação. Mas o que é MMORPG? A sigla tem seu significado em inglês Massively ou Massive Multiplayer Online Role-Playing Game ou Multi massive online Role-Playing Game, o que traduzindo seria mais ou menos o jogo de interpretações de papel, com uma variedade enorme de jogadores na internet. Tais jogos permitem ao jogador a criação de seu próprio personagem, desde suas características físicas como estilos de cabelo, tatuagens, timbre da voz, até a profissão a ser exercida. Ao escolher seu personagem, o jogador é introduzido em um mundo mágico, possuindo nações e continentes que, na maioria dos jogos, são inimigas. Entretanto, não pense que as histórias desses jogos são bobas e destituídas de conteúdo. Em muitos jogos, existem disputas políticas acerca de quem controlará certos territórios, ou qual nação controlará certo artefato mágico que concederá grandes poderes àquele que o possuir, ou qual facção irá controlar determinada fortaleza ou castelo, o que lhe concederá grandes somas em dinheiro, status, além de certos benefícios que tornam seus membros cada vez mais fortes. As disputas não param por aí, existindo nas histórias dos jogos momentos trágicos, de traição, paixão, sangue e muita guerra, com realização de parcerias e alianças para que cada nação consiga proteger seu território.

A cada dia, os MMOs se superam. A cada novo jogo uma possibilidade a mais é concretizada, não somente em termos gráficos, mas também em termos de jogabilidade. Porém, não é sobre isso que gostaria de comentar aqui. Minha intenção nesse artigo é mostrar como tais jogos permitem a conexão de várias pessoas com um objetivo em comum: a diversão. Atualmente, os MMOs são globais, um jogador aqui do Brasil consegue jogar em tempo real com um japonês, e ambos podem se juntar para matar um certo vilão. Talvez algumas pessoas não dêem muita bola para isso, afinal é só um brasileiro e um cara do outro lado do planeta. Mas, para mim, o melhor do MMO, além de conhecer várias pessoas do mundo inteiro, é você conseguir juntar essas pessoas em um grupo com objetivos comuns. Pensem bem o quão impossível seria juntar tal número de pessoas de vários lugares diferentes e distantes para jogar uma simples pelada no campinho da esquina? Além disso, creio que os MMOs têm o condão de fazer aquele moleque que sofria “bullying” no colégio, que nunca era escolhido para participar do time de futebol, possa participar de um time, ou equipe e despertar nessas pessoas o espírito competitivo que há muito estava escondido. Talvez o leitor ache que eu esteja exagerando, mas espere até presenciar uma guerra entre nações, ou toda estratégia envolvida, ou mesmo ganhar uma guerra nos segundos finais! É como ver o Brasil desempatar um jogo suado nos 45 minutos do segundo tempo. Acredito que somente aqueles que joguem e se envolvam sabem do que estou falando.

De qualquer forma, gostaria de entrar no tema a que veio este artigo. Durante o tempo em que jogo os MMOs, o que faz mais ou menos uns 5 anos (o que é muito pouco para amantes do gênero), sempre gostei da formação de clãs ou guildas, como quiserem chamar. Os clãs são os grupos que possibilitam os objetivos mais cobiçados do jogo, a lógica é que você jogue em equipe para que se conquiste algo, ou seja, sozinho você não irá a lugar algum. Assim, cada classe do jogo foi pensada de maneira a desempenhar uma função específica, sendo que cada uma se complementará no fringir dos ovos. Enfim, o que me preocupa cada vez mais nesse gênero de jogos é a quantidade de jovens, na maioria pré-adolescentes que vem jogando de maneira ilegal. Nada contra a molecada, o problema é a quantidade de pessoas dessa idade, em momento da formação de seu caráter, que jogam os MMOs com uma só intenção: roubar e prejudicar outras pessoas. Muitas pessoas podem achar que isso é bobagem, mas afirmo que não é. Embora seja proibido, os personagens dos MMOs possuem valor comercial e, acreditem, tem muita gente roubando por aí e ganhando muito dinheiro às custas de outras. Não estou falando somente de hackers, mas de garotos que fingem ser boas pessoas dentro do grupo e são pessoas de péssima índole. Pode parecer algo distante de todos nós, já que é um ambiente virtual, mas eu me pergunto se tais pessoas não levariam tal comportamento para a vida “real”. Eu acredito que sim. Creio que os MMOs e a Internet, em geral, é somente uma porta de entrada para pessoas assim, pois acreditam estarem impunes somente por jogarem num ambiente virtual. O pior é que muitos jogadores que jogam de maneira desleal, roubando, enriquecendo-se à custa de seu clã, usando o grupo como um meio para atingir seus desejos materiais, muitas vezes usando da má-fé, não são raros. As pessoas não querem mais se conhecer ou fazer amizades. Na verdade, existem clãs inteiros de pessoas com a pior índole possível. Chamo a atenção para esses casos, pois eu noto que os MMOs tem enorme capacidade de agregar, mas muitos aproveitam para abusar da boa vontade das pessoas. Eu noto que, a cada dia, está cada vez pior encontrar pessoas bem intencionadas. A Internet se tornou uma porta de entrada para esse tipo de atitude, as pessoas se escondem por trás dessa ferramenta, uma verdadeira máscara, e, na maioria das vezes, saem impunes. Percebo que a falta de educação, princípios e virtudes crescem assustadoramente. O pior é ver isso entre os mais jovens, pois são eles que guiarão nossa sociedade daqui alguns anos. Pode parecer um tanto dramático, mas eu realmente acredito que pessoas que se revelam de péssimo caráter em jogos online também se revelarão de péssimo caráter também em suas vidas. A Internet é somente um meio facilitador, um modo da pessoa se acostumar cada vez mais com suas atitudes e acharem que são “normais”. Enfim, era esse o recado que queria passar, pois há muito penso no assunto e neste semestre tive melhor oportunidade de fundamentá-lo. Para quem se interessou aqui vai um vídeo do MMO que jogo atualmente:

Um comentário:

  1. Gostei muito de seu texto, penso que pais e educadores deveriam ficar atentos com as atitudes de seus filhos e alunos.
    Abraço do Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com

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