terça-feira, 6 de abril de 2010

A paz e a cadeirinha

A crítica da Mafalda foi feita há aproximadamente 40 anos, no entanto, me parece atualíssima.

Fundada após a Segunda Grande Guerra com o intuito de manter a paz e a segurança entre os Estados, a Organização das Nações Unidas efetuou dezenas de operações de paz em todos os continentes. Desde então, inúmeros exemplos de promoção, pela ONU, da pacificação mundial puderam ser vistos por todo o planeta. Os homens de capacetes azuis estiveram na extinta República Federativa da Yugoslávia de 1992 a 1995, outro exemplo de sua atuação foi a permanência do exército de paz na fronteira do Kuwaite com o Iraque, de 1991 a 2003, na tentativa de manter a ordem após a retirada forçada das tropas iraquianas da região. Hoje a ONU possui 16 operações de paz em curso, sendo que dentre as regiões sob sua atuação estão Haiti, Kosovo e Afeganistão.

Inegável, portanto, o grande trabalho na manutenção da paz em regiões devastadas pela guerra. Mas é inevitável questionar qual o real poder da ONU para evitar os conflitos e mediar sua solução de maneira pacífica.

Em 2003, quando o governo Bush simplesmente ignorou a posição do organismo internacional contrária à guerra, e atacou o Iraque, reduziram o poder da ONU ao da cadeirinha da Mafalda. Sem mencionar o atual fracasso na tentativa de controlar o fortalecimento das pesquisas e construções de armas nucleares no Irã.

Paralelamente a atenuação da influência da ONU como um órgão capaz de limitar o grande poder dos Estados Soberanos, tem-se o geral enfraquecimento dos apelos do Vaticano em prol da paz. O que antes já não se podia chamar de um discurso de grande efeito sobre a população mundial, uma opinião angular, hoje se pode dizer que não passa de uma fala aos ventos. Nos últimos 40 anos, desde a publicação da tirinha de Quino, as manifestações do Vaticano não demonstraram nenhum efeito político no cenário internacional. Ademais, nos últimos tempos, o Vaticano praticamente gastou todas suas forças defendendo-se de escândalos após escândalos.

ONU, Vaticano e a cadeirinha da Mafalda realmente possuem o mesmo poder de persuasão.

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